Suplementação da Fase Lútea
O sucesso do tratamento de Fertilização in Vitro está relacionado a vários fatores, desde o correto diagnóstico dos problemas e indicação do tratamento, indução da ovulação efetiva, bom manejo laboratorial dos embriões até a oferta adequada de hormônios após a transferência embrionária.
O processo de implantação do embrião é complexo e depende da presença de um ambiente endometrial propício e da produção hormonal adequada pelo corpo lúteo, estrutura formada a partir da ovulação, região da onde saiu o óvulo. O corpo lúteo produz progesterona, estradiol e androgênios.
A progesterona é fundamental para a manutenção e desenvolvimento da gestação inicial. Até a sétima semana de gravidez, esse hormônio é produzido exclusivamente pelo corpo lúteo, a partir dai sua produção placentária se inicia e assume o controle hormonal total após nove semanas.
Nos ciclos de fertilização in vitro existe a necessidade de suplementação hormonal durante a fase lútea, pois os protocolos de estimulação ovariana que utilizam os hormônios análogos do GnRH, os quais bloqueiam os pulsos do hormônio LH, prejudicam a produção de progesterona e estradiol pelo corpo lúteo. Esse esquema de indução é conhecido como protocolo longo. Nos casos em que são utilizados os esquemas com hormônios antagonistas do GnRH, protocolo curto, mesmo com um bloqueio menos sustentado do corpo lúteo, também é recomendada a reposição da progesterona.
O melhor uso da progesterona é por via vaginal, pois não apresenta os efeitos colaterais comuns quando ingerida por via oral, apresenta uma absorção mais regular e o nível de hormônio circulante continua elevado por aproximadamente 48 horas, muito superior á tomada por boca, que dura cerca de 6 horas. Pode ser utilizada por via intra-muscular, porem não tem nenhum benefício a mais que a usada por via vaginal.
A associação com o estrogênio, que é o outro hormônio produzido pelo corpo lúteo, é feita baseada na fisiologia do ciclo menstrual espontâneo, onde ele é produzido junto com a progesterona. Muitos autores acham que essa associação não traz benefícios, porem outros pesquisadores advogam que seu uso aumenta a probabilidade de gravidez.
O início da suplementação da fase lútea se faz no dia da retirada dos óvulos, durando até o término do primeiro trimestre de gestação, pois dessa maneira ocorre uma diminuição significativa nas taxas de aborto.