Infertilidade na Perimenopausa
A sociedade moderna trouxe uma nova tendência para as famílias: gravidez mais tardiamente. A maior participação feminina no mercado de trabalho colabora para essa situação. O desenvolvimento de uma carreira, a disputa de espaço no mercado, a melhoria de condições sócio- econômicas e a estabilidade financeira são fatores preponderantes para que o início da atividade reprodutiva ocorra em idade mais avançada.
Outro fator é o aumento do número de separações e da formação de novos casais. As novas uniões muitas vezes desejam consagrar esse momento com um filho, porém se deparam com a idade da mulher acima dos 40 anos. Além do fator idade existe também a possibilidade desses novos casais já terem métodos contraceptivos definitivos (laqueadura e vasectomia).
A maioria dos casais desconhece a diminuição da fertilidade com o avançar da idade, e quando se deparam com a dificuldade na concepção, ficam surpresos e perdem a esperança. Muitos casais procuram o tratamento pela primeira vez na perimenopausa, onde a função ovariana está comprometida, dificultando ainda mais a gravidez.
Vários estudos comprovaram a queda vertiginosa e progressiva no potencial ovulatório com o aumento na idade, além da piora da qualidade dos óvulos. Isso traz consigo maior dificuldade de engravidar, maior incidência de aborto e de problemas genéticos, com gestações de alto risco.
Existe a necessidade de se determinar e quantificar a reserva ovariana, sabendo do seu potencial reprodutivo e das chances reais de engravidar. A determinação da quantidade de óvulos restantes é feita através de exames hormonais como a dosagem do FSH e do Hormônio anti-müleriano. Essa definição direcionará o tipo de abordagem terapêutica para o casal.
A evolução constante das técnicas de reprodução assistida colaboraram muito para vencer obstáculos. Para pacientes com reserva ovariana reduzida, a fertilização in vitro ajudou a solucionar grande parte das dificuldades encontradas, se mostrando fundamental no sucesso dos tratamentos, obtenção da gravidez e nascimento do bebê.
A fertilização in vitro, com a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), solucionou boa parte dos problemas de infertilidade, principalmente os relacionados ao fator masculino, ao fator tubário e a infertilidade sem causa aparente.
Alguns procedimentos são utilizados para melhorar os resultados da fertilização in vitro nas pacientes com mais de 40 anos. A estimulação ovariana com medicações injetáveis provenientes de engenharia genética colaborou para a recuperação de um número maior de óvulos e de melhor qualidade. Esses óvulos terão maior chance de formar embriões de boa qualidade para posterior transferência para o útero.
Outro procedimento é o” assisted hatching”, que é o afinamento a laser da membrana que reveste o embrião. Ele visa aumentar as chances de implantação desse embrião, já que óvulos de mais idade podem ter a membrana, mais espessa e resistente, impedindo seu rompimento natural dentro do útero e impossibilitando a gravidez.
O diagnóstico genético pré-implantacional (PGD) é uma técnica que retira uma célula do embrião para verificação de alterações cromossômicas. É um avanço importante visto que mulheres acima de 40 anos apresentam risco aumentado para anormalidades cromossômicas. A transferência para o útero de um embrião sem essas alterações aumenta a taxa de gravidez e diminui a ocorrência de abortamento.
A ovodoação pode ser oferecida como alternativa viável e colaborativa para a obtenção da gravidez. As indicações para participar do programa de ovodoação são: falência ovariana prematura independente da causa, menopausa, perimenopausa com baixo índice de fertilização, anomalias genéticas entre outras.
O tratamento para mulheres na perimenopausa que desejam engravidar sofreu profundos avanços nos últimos anos. As drogas utilizadas na indução da ovulação, técnicas aprimoradas de fertilização in vitro, diagnóstico pré-implantacional e os programas de ovodoação tornaram a gravidez para esses casais um objetivo cada vez mais próximo.