Gestação Multipla
Os avanços conseguidos nos últimos anos nos serviços de reprodução assistida tem proporcionado para um número cada vez maior de casais alcançarem seu objetivo, o de engravidar. Porém, junto com esse sucesso, aumentou também o risco de gestações múltiplas.
A incidência de gravidez múltipla em ciclos de reprodução assistida corresponde de 2 a 3%, das quais 98% são gemelares. Esses índices não estão associados a nenhum fator como idade materna, raça, nutrição entre outros. O principal responsável por esse aumento é o número de embriões transferidos. Em muitos países se transfere uma grande quantidade de embriões visando exclusivamente a gravidez, não levando em consideração os riscos inerentes a essa situação.
As complicações materno-fetais nas gestações múltiplas estão associadas ao número de fetos e ao tipo da placenta. Anemia materna, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e eclâmpsia, trabalho de parto prematuro, morte neonatal, baixo peso fetal, apgar baixo e paralisia cerebral são algumas complicações comuns e que aumentam quanto maior o número de fetos.
No Brasil, atualmente tem uma legislação regulamentando o número de embriões a serem transferidos, com isso diminuindo consideravelmente as gestações múltiplas. Para as mulheres até 35 anos de idade, transfere-se o máximo de dois embriões, de 36 40 anos, até três e acima de 41 anos, máximo de quatro, isso quando tiver essa quantia para a escolha.
O diagnóstico da gestação múltipla é feito pela ultrassonografia a partir da sexta semana de gravidez, quando se consegue visualizar o saco gestacional e embrião. Clinicamente a presença da hiperemese gravídica excessiva e precoce pode indicar mais de um feto, bem como o resultado do beta-hCG muito elevado no início da gravidez.
O pré-natal nesses casos será conduzido como uma gravidez de alto risco, com consultas mais frequentes, repetição dos exames várias vezes durante a gravidez e intervenções precoces em qualquer intercorrência que haja com essas pacientes.
O reconhecimento precoce da gestação múltipla associado ao acompanhamento e tratamento adequados das complicações pode interferir de maneira significativa na evolução peri e neonatal, tanto para a mãe quanto para os recém-nascidos.