Cancer de Mama e Ovário e Fertilidade

O continuo crescimento populacional, o seu envelhecimento e a mudança dos hábitos relacionados a vida moderna afetam de forma significativa a incidência das neoplasias malignas. A cada ano , cerca de 22% dos casos novos de câncer em mulheres são de mama..

O câncer de mama relaciona-se ao processo de urbanização da sociedade , com maior risco entre as mulheres com nível socioeconômico mais elevado.

A tendência das mulheres em postergar a gestação por motivos sociais, econômicos e ate culturais representam um fator de risco para o câncer de mama e de ovário. Por outro lado, o diagnostico pode ser feito mais precocemente, com melhora nas possibilidades de cura e também de possíveis complicações para a fertilidade futura.

Os avanços obtidos no tratamento das neoplasias ginecológicas como novas abordagens cirúrgicas, planejamento radioterápico, esquemas mais eficientes de quimioterapia melhoraram a sobrevida dessas mulheres  e trouxeram consideráveis riscos para o futuro obstétrico.

A radiação ionizante tem efeitos adversos na função gonadal em todas as idades, e esses danos dependem da dose, local da irradiação e da idade das pacientes. Os locais com maior risco sao os ovários, útero, reto e linfonodos pélvicos.

Todos os quimioterápicos atuam em alguma fase no ciclo celular. Para as neoplasias ginecológicas como ovários e mamas, a poliquimioterapia se mostra mais eficaz pois atuam em varias fases do ciclo de proliferação das células. A presença de ciclos menstruais normais apos a exposição a quimioterapia nao e sinônimo de reserva ovariana preservada. A paciente que nao entrou em falência ovariana logo apos o termino da radioterapia e quimioterapia nao deve demorar muito para tentar uma gravidez pois sua reserva ovariana foi comprometida. A quimioterapia reduz muito o numero de folículos primordiais.

O diagnostico de carcinoma invasivo de mama em uma paciente jovem sempre traz a preocupação com o prognostico, geralmente reservado nesses casos. Porem cabe a equipe multidisciplinar que acompanha essa mulher abordar os aspectos reprodutivos e de fertilidade. A abordagem feita de forma correta, com acompanhamento medico e psicológico antes do uso dessas medicações quimioterapicas pensando nos riscos para a reserva ovariana e’ uma etapa importante na manutenção da qualidade de vida dessas jovens. Deve-se discutir o desejo de engravidar, expor claramente o prognostico da doença e as consequências do tratamento oncológico, oferecer aconselhamento e quando indicado encaminhar para o especialista em reprodução humana.

As opções para a preservação da fertilidade para essas mulheres sao a supressão ovariana através do uso dos análogos do GnRH, criopreservação de embriões e oocitos e criopreservação de tecido ovariano.

E’ muito importante que a preocupação  com a preservação da fertilidade seja incorporada ao dia a dia dos profissionais que trabalham com essas mulheres, possibilitando a individualização do atendimento,  a escolha do melhor tratamento para a neoplasia e possibilitando que elas realizem o sonho de serem mães.