Abortamento Habitual
O abortamento habitual é definido como a ocorrência de três ou mais abortamentos consecutivos em gestações clínicas com idade gestacional abaixo de vinte semanas. Esse quadro acomete aproximadamente 3% dos casais férteis, podendo ser primário ou secundário.
As causas podem ser agrupadas em genéticas, anatômicas, endócrinas, imunológicas, trombofilias, ambientais ou sem causa aparente.
Os fatores de risco mais importantes são a idade materna avançada e o número de abortos anteriores.
As alterações cromossômicas são a causa mais comum de abortamento esporádico precoce, em 50% dos casos. O aconselhamento genético deve ser oferecido ao casal com rearranjo cromossômico, uma vez que o risco de recorrência e o prognóstico gestacional dependem do tipo específico de alteração. Como alternativa terapêutica a reprodução assistida com avaliação pré-implantacional dos embriões.
As anomalias uterinas podem estar relacionadas a perdas gestacionais devidas a vascularização deficiente e a dificuldade na implantação pela distorção da cavidade. Essas alterações são miomas principalmente os submucosos, sinéquias, útero bicorno ou didelfo, septo uterino e incompetência istmo cervical. A maior parte dessas alterações tem tratamento cirúrgico e com bom prognóstico.
O principal fator endócrino associado ao abortamento habitual é a insuficiência lútea. O hipotireoidismo não tratado também é um fator de risco para abortamento, bem como a hiperinsulinemia comum na Síndrome dos Ovários Policísticos, a hiperprolactinemia e o diabetes descontrolado. O tratamento consiste em reposição hormonal e controle clínico e laboratorial.
As trombofilias predispõem a tromboembolismo arterial e venoso, os quais estão relacionados a eventos gestacionais adversos, incluindo o abortamento habitual.
As alterações imunológicas como a auto-imunidade se correlacionam ao abortamento, onde a principal doença é o lúpus eritematoso sistêmico.
Hábitos de vida como tabagismo, consumo de álcool e cafeína e obesidade tem efeito sinérgico e dose-dependente nas taxas de abortamento esporádico.
Na assistência ao casal com história de abortamento habitual, é necessária uma abordagem multidisciplinar bem como uma série de exames , para que a futura gestação chegue ao final e c