Endometriose – Considerações Gerais
A endometriose é uma doença causada pela presença do endométrio fora da cavidade uterina. O local mais comum é a pelve, principalmente o peritônio, mas pode ser encontrada em qualquer parte do corpo.
Ela é rara nas meninas no período pré e pós-menarca e nas mulheres na pós-menopausa. Dois terços das mulheres adultas com endometriose relatam o aparecimento dos seus sintomas antes dos 20 anos. Cerca de 30 % das mulheres submetidas à laparoscopia por infertilidade apresentaram a doença, e 25 a 47 % daquelas com dor pélvica crônica ou dismenorreia tinham a patologia.
Após quase um século da primeira descrição dessa doença, a sua origem ainda não está totalmente esclarecida, apesar de inúmeras teorias terem sido propostas. Dentre essas teorias se destacam a menstruação retrógrada, a metastática via linfática ou hematogênica, metaplasia celômica, hormonal, iatrogênica entre outras.
Estudos sugerem uma relação familiar de hereditariedade da endometriose, porém as variáveis que podem afetar a evolução da doença dificultam a elaboração de pesquisas populacionais para seu diagnóstico.
A endometriose pode ser sintomática ou assintomática. Quando sintomática, apresenta-se com cólicas menstruais progressivas e de forte intensidade e dores durante a relação sexual. Esses sintomas associados à infertilidade são altamente sugestivos da doença e podem estar presentes em 40% das mulheres de casais inférteis. Quando assintomática, seu diagnóstico será após a laparoscopia.
O diagnóstico da endometriose é feito pela videolaparoscopia, que permite identificar as várias formas de lesões, quantificar a extensão da doença e comprometimento de outros órgãos, biópsia para confirmação anatomopatológica e tratamento cirúrgico das mesmas. Outros exames auxiliam no diagnóstico e preparação para a videolaparoscopia, como ultrassonografia, ressonância magnética, colonoscopia e marcadores tumorais como o CA 125.
Com a finalidade de uniformização dos dados e orientação cirúrgica e prognóstica da doença, surgiram algumas classificações. A classificação da Sociedade Norte Americana de Reprodução Humana é a mais utilizada e que pode ser resumida em estádio 1(mínimo), estádio 2(leve), estádio 3(moderado) e estádio 4(grave).
A endometriose mínima e a leve estão associadas a processos inflamatórios peritoneais, os quais podem prejudicar a função das trompas, ovários e endométrio, levando a diminuição das chances de gravidez. O processo aderencial provocado pela endometriose mais avançada (moderada) e a endometriose ovariana (grave) são alterações que podem provocar a infertilidade.
O tratamento da endometriose tem como objetivo impedir a progressão da doença, aliviar os sintomas e conseguir a gravidez. Ele deverá ser feito por uma equipe multidisciplinar e com profissionais qualificados.